O patrão da <em>Socopal</em> fugiu
«Os trabalhadores estão na miséria»
Com salários em atraso, os 57 trabalhadores da cadeia de pastelarias e padarias Socopal concentraram-se, dia 24, em Almada, para exigir do tribunal uma tomada de posição.
«Enquanto não é pedida a insolvência, os trabalhadores estão na miséria», afirmou Moisés Caetano, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal, junto às instalações da “Casa 5”, uma das maiores da firma, na Praça do Movimento das Forças Armadas.
A administração «deixou de pagar salários em Agosto, de descontar para a Segurança Social e de proceder aos descontos das quotas sindicais – embora os funcionários as tenham descontado -, de pagar aos credores e nem sequer passou cartas de despedimento para que pudessem recorrer à Segurança Social». A electricidade foi cortada nas instalações e o gerente, António Ferrão, fugiu para o Açores», salientou.
A maioria dos funcionários está na Socopal praticamente desde o final dos anos 60, quando a empresa iniciou a actividade. A empresa chegou a ter cerca de 70 depósitos de para venda de pão e perto de 200 trabalhadores.
Recentemente, o capital foi sendo delapidado.
«Os trabalhadores, que sempre fizeram tudo para salvar a empresa, até tiveram de ouvir o administrador dizer, numa reunião, que nada devia aos trabalhadores», afirmou Moisés Caetano, lembrando que a empresa deu avultados lucros durante décadas.
A Inspecção não intervém
Solicitada, a Inspecção Geral do Trabalho (IGT) «nunca interveio» e não está a decorrer qualquer processo de reestruturação, nem de insolvência.
Na assembleia geral da empresa, no dia 18, não foram sequer apresentadas as contas.
Quanto à quotização sindical, o sindicato avançou com um processo-crime.
Para ontem, estava agendada a decisão do Tribunal, quanto ao processo de insolvência.
«O primeiro objectivo do sindicato sempre foi garantir os postos de trabalho, situação que nos levou a solicitar à administração que avançasse com um processo de viabilização», lembrou o dirigente sindical.
Mas, «sem que haja investimento, a empresa não pode sobreviver».
«A média salarial, de cerca de 500 euros, não foi, certamente, o motivo da falência que continua por decretar», afirmou Moisés Caetano.
Não havendo possibilidade de viabilizar a empresa, os trabalhadores querem ver decretada a insolvência para poderem recorrer à Segurança Social e receber o subsídio de desemprego.
Com grande ansiedade, aguardam que o tribunal decida rapidamente, «antes que a empresa comece a desfazer-se do património que, segundo apurámos, é superior à dívida acumulada».
Em sérias dificuldades
Diariamente, António Garcia, com 34 anos de casa, tem ido à IGT solicitar a intervenção, mas «existe uma longa lista de espera, só dão 30 senhas por dia e os restantes trabalhadores não são atendidos sequer», afirmou.
«Há pouco tempo a empresa vendeu uma das casas, na condição de usar o montante para cobrir as dívidas aos trabalhadores, mas o dinheiro desapareceu e os salários continuaram por pagar», denunciou Vítor Matos, pasteleiro com mais de 30 anos de casa e em situação de baixa há dois meses - depois de três meses de salário em atraso que lhe trouxeram complicações do foro psicológico -, que referiu estarem ainda abertas algumas casas, mas «o pão é já comprado noutras padarias».
Luís Pinto, com 38 anos na Socopal, foi despedido «por ter reivindicado os pagamentos em atraso» e recorreu ao Tribunal.
Com dois filhos, um deles menor, Maria José tem por receber, além dos salários, os abonos e a alimentação para o filho que são mais de cem euros por mês. O Tribunal obrigou a empresa a efectuar estes descontos mas, até à data, não procedeu ao pagamento. Esteve de baixa e, quando voltou ao serviço, em Agosto, foram-lhe dados 200 euros apenas, afirmou, mostrando-nos o recibo.
Maria de Fátima está a fazer descontos judiciais «que não têm dado entrada no tribunal há 27 meses» e a empresa recusa justificar porquê.
Catarina Amaro vive só e não tem outra fonte de rendimentos. Só a ajuda dos pais a tem mantido, afirmou.
Em dificuldades semelhantes estão os restantes trabalhadores.
«Enquanto não é pedida a insolvência, os trabalhadores estão na miséria», afirmou Moisés Caetano, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal, junto às instalações da “Casa 5”, uma das maiores da firma, na Praça do Movimento das Forças Armadas.
A administração «deixou de pagar salários em Agosto, de descontar para a Segurança Social e de proceder aos descontos das quotas sindicais – embora os funcionários as tenham descontado -, de pagar aos credores e nem sequer passou cartas de despedimento para que pudessem recorrer à Segurança Social». A electricidade foi cortada nas instalações e o gerente, António Ferrão, fugiu para o Açores», salientou.
A maioria dos funcionários está na Socopal praticamente desde o final dos anos 60, quando a empresa iniciou a actividade. A empresa chegou a ter cerca de 70 depósitos de para venda de pão e perto de 200 trabalhadores.
Recentemente, o capital foi sendo delapidado.
«Os trabalhadores, que sempre fizeram tudo para salvar a empresa, até tiveram de ouvir o administrador dizer, numa reunião, que nada devia aos trabalhadores», afirmou Moisés Caetano, lembrando que a empresa deu avultados lucros durante décadas.
A Inspecção não intervém
Solicitada, a Inspecção Geral do Trabalho (IGT) «nunca interveio» e não está a decorrer qualquer processo de reestruturação, nem de insolvência.
Na assembleia geral da empresa, no dia 18, não foram sequer apresentadas as contas.
Quanto à quotização sindical, o sindicato avançou com um processo-crime.
Para ontem, estava agendada a decisão do Tribunal, quanto ao processo de insolvência.
«O primeiro objectivo do sindicato sempre foi garantir os postos de trabalho, situação que nos levou a solicitar à administração que avançasse com um processo de viabilização», lembrou o dirigente sindical.
Mas, «sem que haja investimento, a empresa não pode sobreviver».
«A média salarial, de cerca de 500 euros, não foi, certamente, o motivo da falência que continua por decretar», afirmou Moisés Caetano.
Não havendo possibilidade de viabilizar a empresa, os trabalhadores querem ver decretada a insolvência para poderem recorrer à Segurança Social e receber o subsídio de desemprego.
Com grande ansiedade, aguardam que o tribunal decida rapidamente, «antes que a empresa comece a desfazer-se do património que, segundo apurámos, é superior à dívida acumulada».
Em sérias dificuldades
Diariamente, António Garcia, com 34 anos de casa, tem ido à IGT solicitar a intervenção, mas «existe uma longa lista de espera, só dão 30 senhas por dia e os restantes trabalhadores não são atendidos sequer», afirmou.
«Há pouco tempo a empresa vendeu uma das casas, na condição de usar o montante para cobrir as dívidas aos trabalhadores, mas o dinheiro desapareceu e os salários continuaram por pagar», denunciou Vítor Matos, pasteleiro com mais de 30 anos de casa e em situação de baixa há dois meses - depois de três meses de salário em atraso que lhe trouxeram complicações do foro psicológico -, que referiu estarem ainda abertas algumas casas, mas «o pão é já comprado noutras padarias».
Luís Pinto, com 38 anos na Socopal, foi despedido «por ter reivindicado os pagamentos em atraso» e recorreu ao Tribunal.
Com dois filhos, um deles menor, Maria José tem por receber, além dos salários, os abonos e a alimentação para o filho que são mais de cem euros por mês. O Tribunal obrigou a empresa a efectuar estes descontos mas, até à data, não procedeu ao pagamento. Esteve de baixa e, quando voltou ao serviço, em Agosto, foram-lhe dados 200 euros apenas, afirmou, mostrando-nos o recibo.
Maria de Fátima está a fazer descontos judiciais «que não têm dado entrada no tribunal há 27 meses» e a empresa recusa justificar porquê.
Catarina Amaro vive só e não tem outra fonte de rendimentos. Só a ajuda dos pais a tem mantido, afirmou.
Em dificuldades semelhantes estão os restantes trabalhadores.